sexta-feira, 19 de março de 2010

choque!

Há uns três dias atrás estava vendo TV, como não podia deixar de ser, fui surpreendida com uma cena, que me horrorizou. Como não bastassem todos os nossos problemas individuais, ficamos na volta do dia interados sobre os problemas para além do nosso campo de contato ( É bom saber que os perdidos não somos apenas nós, a podridão está generalizada). Para não repetir a charlatanice de falar de política e relações externas e condutas "duvidosas" dos "cabeças" do nosso gado... Falo de uma separação, brusca, uma agressão aos direitos que nem sei se existem.
Uma verdadeira vergonha, mais uma prova do despreparo em lidar com diversidade cultural, um exemplo de como se pode ser contraditório.
Uma criança criada em um meio considerado danoso, pois está em contato direto com a rua e seus perigos, sem ir a escola regularmente como deveria, exposta a doenças, pedindo dinheiro, e sendo usada como "isca" para comover pessoas a dar-lhes dinheiro, são suposições sobre as condições da criança que foi literalmente arrancada dos braços da mãe, aos prantos de ambas, mas me resta a dúvida, estaria em melhor condição uma criança cuidada por um “abrigo”? Sem sua mãe, sem poder escolher se quer pertencer ou não à cultura de seus pais? E quanto a crianças realmente abandonadas pelas mães? Não seriam com essas crianças que se deveria ter uma relação semelhante, de “tomar conta”?
Essas medidas me parecem muito mais uma forma desesperada de acabar com a mendicância, e além de tudo, evidenciam uma desarticulação das partes desse sistema de extermínio da vergonhosa “pobreza”, pois não executou de forma silenciosa esse plano maquiado, deixou vazar para além de seus tapetes a sujeira que tentam esconder silenciosamente.
E mais uma pergunta me fica, onde estão os direitos, da mãe e da criança, de estar juntos? É adequado considerar as características da cultura dessa mãe nociva à criança? E não tentar por algum meio garantir esse contanto de forma que não prejudique a criança, uma intervenção de profissionais que ajudassem na criação dessa(s) crianças (talvez agora tenha sido visionária demais!)  Ou ainda, é justo tirar de mãe e filha o contato, sem saber, ou ter uma justificativa comprovada, bem fundamentada?
O fato, é que agora mãe e filha voltaram a estar juntas, retornarão para uma casa numa cidade ( ciganos tem casas para estar de acordo com a assistência social!) e viverão por um tempo sendo acompanhadas, desagregadas do convívio com os elementos de sua cultura.
Lamento estar falando sem conhecimento adequado, tanto desses casos de complicação familiar diante da justiça, pois remete a risco de algum indivíduo da mesma, quanto da cultura cigana e das atitudes consideradas “erradas” desse povo (mitos talvez!). Mas não me coloco cega, surda e muda e mesmo pouco entendendo, me inquieto, em outros casos também, mas a permanência de um assunto “em discussão” na mídia leva a saturação, e quero evitar fazer parte dos papagaios que repetem e repetem incansavelmente, a despeito de nossos ouvidos blindados a tal repetição.

2 comentários:

"Caldeira Silva" disse...

A mídia sempre encontra um fenômeno para transformar em "produto de consumo". E nessa busca por matéria, a mídia faz de tudo inclusive desconsiderar as diversidades culturais. Belo texto! (Caldeira Silva)

EnZo M. Thomasi disse...

CARAMBA!!! Mto bom Lana!!! mesmo...otimo texto, com uma boa pegada e um tema interessante!!!

dez_interessantes

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