sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

D’vaneio… se permitir!

Tem horas em que a gente se permite admitir, que aquele prato caro de um restaurante refinado, na verdade estava uma droga, que aquele vinho de uma determinada região, daquela safra, “ a melhor”, não parecia nada mais que um vinho qualquer. Falta de requinte para perceber coisas realmente boas? Talvez, mas nada mais é que, uma opção feita em um determinado momento, fundamentada em opiniões de pessoas diferentes que certamente não vivem o mesmo mundo que você.

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Tem horas que a gente se permite, similarmente avaliar friamente o que umas e outras pessoas nos proporcionaram, de posse de nosso arquivo de pessoal e um tempo hábil, livre de todas as variáveis sentimentais ou regido por elas em mais uma de suas características, ou seja, variante, escarafunchamos memórias, cenas, representadas, apresentadas, verdadeiras ou não, imaginamos, conjecturamos, e alí está, um quadro novo, que se assim o fosse antes, o hoje seria diferente.

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Nos permitimos em certos momentos avaliar o quão nos afixionamos à um ideal… a possibilidades, o quanto mudamos por algumas pessoas, o quantos nos calamos, quantas vezes desviamos rotas, interrompemos projetos, adoecemos, nos diminuimos, nos exaltamos, nos entristecemos,por quantas vezes choramos, nos damos nossa propria sentença, decretamos fim certo de tanto sofrimento, talvez possamos um dia ser assim para alguem, ou fomos, ou simplesmente não seremos (meu caso), quantas vezes nos enfurecemos e juramos nunca mais… nunca mais!

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O fato é que, ainda assim nos permitimos, que essas mesmas pessoas retornem e se elas ainda o quiserem, seremos novamente o que fomos.  Talvez não as mesmas pessoas, de fato, mas um outro personagem o os sentimentos alí estarão.

Se permitirmos que a miséria pessoal se instale, e que nossa mente nos remeta a essas lembranças e conjecturas sobre esses já mencinados atores, seremos deveras infelizes sujeitos, às voltas com a felicidade alheia,  risos e festas, momentos gloriosos em companhia de amigos e familiares, o céu na terra, exceto que não para nós e sim para esses atores.

E o pior, isso tudo pode não passar de imaginação como também pode ser real, mas o abandono a esses pensamentos petrifica e vicia, até que não se viva sem que seja em função da paranóia persecutória da vida ilusória de outrem. Talvez eu tenha exagerado um pouco, mas quanto mais espalhafatoso mais visto!

Se imagine assim, diga se em uma porcentagem menor já não estiveste em uma situação parecida. Somos seres humanos, somos parecido, alguns de fato não se afixionam tanto quanto outros mas, penso que cada um cumpre um PAPEL.

Às vezes nos permitimos pensar sobre o nosso proprio papel, nos compadecemos de nós mesmos, na nossa balança fomos algumas vezes o personagem: indefeso, o de tamanha bravura e coragem, outras até, o indeciso, amedrontado por alguma ameaça, o imaturo, o jovial, o paquerador, o maduro, o aconselhador, amigo, fiel, o vilão, o sábio…

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É necessário grande virtude para se avaliar na sua propria peça, não trapacear e se achar sempre o mocinho indefeso, há que se ter hombridade para reconhecer o momento em que a fera rosna dentro de nós e sai dilacerando tudo! Há que se ter força titânica para não se comover com o proprio sofrimento e se entregar a ele, como numa imagem narciso/egoista. (não que a imagem do sofrimento seja tão sedutora, mas antes a tentativa de recuperar aquele ser dentre às suas próprias águas!).

Entretanto, o irônico é que somos o personagem principal e o autor da peça , ainda que não o único, pois sofremos influência de outras representações, e por vezes somos mais influenciados que influentes.

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Nos permitimos, raras vezes, perceber que a peça que estávamos representando nada mais era que um pop qualquer, campeão de bilheteria, cheio de acrobacias , cenas e burburilho, mas que na realidade… de arte era pobre e consumia demais do ator, o autor subjazia, sem se esforçar tanto. O ator se expressava… se expressava em uma cena que todos se cansaram de o ver, o lugar comum.

Ainda assim nos permitimos avaliar em um momento, no atuar, no decorrer… Algumas cenas são total improviso, mas outras são tiradas do roteiro, e é de grande importância o olhar crítico do autor em perfeita sincronia com a pulsação do ator para que a obra seja lembrada como um clássico e não apenas um re-make. Em todo caso, é importante se permitir a se omitir.

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