quinta-feira, 23 de maio de 2013
Eu Amy e o cup noodles
vc percebe que estar só, é querer sair com um parente pq n tem mais amigos que saiam com vc!
Aí esse parente tem outros amigos, que tem assuntos interessantes… tem interesse em pessoas que não fazem parte do seu assunto, e logo, ele discretamente não pode te fazer companhia!
Em uma analise mais profunda de vc, vc percebe que seus relacionamentos não dão certo, em nível nenhum, que em algum momento, ou vc cobra demais, ou se cansa, ou simplesmente se recusa…!
Vc tenta encontrar os motivos de estar só, e traz a tona os momentos de agressividade, de críticas às outras pessoas, de comparações de sí, de ato depreciação, de impotência e perda diante das comparações… vc cansa e se sente um lixo, de certa forma aí vc entende o pq de estar só!
Vc tenta fazer uma visita às suas escolhas e percebe que optou pouco, mas que as opções se fecharam e vc não têm pra onde fugir!
vc olha no espelho… mais comparações e algumas desistências, em poucos anos nada terá brilho, força, firmeza, enfim, o espelho mostrará a verdade que vc desejará ver ainda menos que a atual.
e por fim, você recorre ao argumento mais desesperado da humanidade: haver caráter, beleza interior, inteligência…. e se lembra das tantas vezes que o caráter tropeçou sôfrego no desejo de “se fuder” quem te causou algum dano, a beleza interior se tornou uma faísca sem sentido quando o julgamento depreciativo de mendigos e pedintes se ascendeu em um rompante, e a inteligência foi abatida pela soberba da ignorância em discursos sem fundamento e esmagada pela obesa preguiça com o intuito de impedir qualquer tentativa de construção da sapiência.
o que te restou diante de tudo isso, foi um computador que não te ouve, não resolve de fato seus problemas, muitos trabalhos a concluir, coca cola, cup noodles, e a combinação sofrível Amy Lee.... e a prova irrefutável do porque da solidão!
terça-feira, 19 de março de 2013
Apontamentos sobre Anticristo de Lars Von Trier.
“Tema o homem a mulher, quando a mulher odeia:
porque, no fundo, o homem é simplesmente mau; mas a mulher é perversa”.
Nietzsche
O filme se inicia com
um momento da relação sexual de um casal, e
sua criança flagrando essas cenas
que vistas sob o olhar da leitura do
complexo de Édipo, nos conduz ao ápice de um mau desfecho da constatação da
impossibilidade de se ter a mãe diante do pai que a possui agora. Emerso na
construção de cenas em preto e branco em movimento lento, vários elementos se
colocam e possivelmente, consigo, significados que por vezes nos escapam, como a
imagem de um urso de pelúcia amarrado pela mão a um balão voando, a atitude de
bater o urso contra outro objeto e a queda do mesmo assim que a criança também
cai. Três bonecos com as palavras: Pain, Grief, Dispeir, remetendo aos três
mendigos que simbolizam dor, angústia e desespero e que fornecem os títulos de
capítulos para o filme, simbolizados também por animais: um veado, uma raposa e
um corvo que nos introduzem em uma aparente desordem e caos que se apresenta no
filme, onde nossa mente é encaminhada a questionar desde nossas crenças morais,
cristãs, até as circunstâncias desses preceitos na construção da nossa
sociedade.
Mais a frente na trama,
quando o marido ainda na tentativa de libertar sua mulher do sofrimento estando
ele próprio na função do terapeuta, a leva em uma viagem de trem à uma viagem
ainda mais profunda pelo que ela havia anteriormente representado como o que
lhe causa medo, não é a principal fonte, mas lhe dá medo, cai na visão da
floresta que não faz barulho algum, estando em cima de uma ponte, e novamente a
imagem se torna lentificada, a mulher descreve estar caminhando para o outro
lado da ponte, e que no lugar onde está a escuridão chega rápido, podemos fazer
alusão ao seu interior, onde jaz agora escuridão, dor, luto, sendo ainda o
lugar de onde ela teme e não consegue entrar. Mais uma vez nesse recorte
aparece o símbolo veado que se esconde por entre as plantas, sendo então a
representação “da vulnerabilidade, da pureza, do choro, da
dor, daquele que luta até o fim,” (SOERENSEN, &
CORDEIRO, 2010. ) trazendo a imbricação desses sentimentos
nesse psiquismo, ela diz ser fácil caminhar, como se quase tudo estivesse bem,
ao alcançar os arredores da cabana é conduzida a se deitar na grama com alguma
hesitação de sua parte se deita, e é impelida a se tornar verde, como o local,
como que para se apropriar de parte do que teme, posteriormente estando nesse
lugar de fato, faz um “treinamento” para enfrentar o medo, aparece a imagem
dela caminhando por entre espinhos, que é exatamente o que os arredores da
cabana representam para ela, um lugar difícil de caminhar, que lhe fere os pés.
A natureza é o verde, e
é por isso que reluta em se deitar na grama e também em caminhar sobre ela, ela
tenta negar a sua natureza mas o que tem sido feito é a imersão na mesma,
somente pela natureza, sem os conceitos de culpa e medo, ela poderá se livrar
dos seus sentimentos de dor, de luto.
O jardim, onde é forte
o choro da criança, onde ela teme pisar é o mesmo jardim onde mostra a cena
dela mesma colocando os sapatos trocados na criança que seria um contribuinte
para a queda dele de cima da janela.
A mulher apresenta resistência em manter a
caminhada por entre a floresta, em direção ao jardim/cabana, e mais uma vez
enquanto descansa, o marido sai pela floresta e se depara diante do cenário da
natureza um cervo com a cria dependurada, remetendo mais uma vez à simbologia
desse animal, que sofre em movimentos reduzidos, o terror do espectador e suas
indagações emergem diante da face de espanto do marido.
Outra cena que
particularmente me chama a atenção é que enquanto dorme as semente de carvalho ferem a mão direita do
homem deixada sem consciência do lado de fora da janela, o carvalho também é
carregado de significações e não me espanta ter sido usado, talvez
propositalmente, nesse ponto:
A sua importância como meio de comunicação entre o Céu e a Terra, ou entre os homens e as divindades, é notória em muitas culturas. O carvalho tem uma grande relevância na simbologia bíblica. Abraão recebeu as revelações de Deus junto a um carvalho, tanto em Hébron como em Siquém. O Antigo Testamento mencionava também que a morada de Abraão em Hebrón era junto a um frondoso carvalho.
“Os celtas assumiram o carvalho como uma divindade e um símbolo de acolhimento ou lar e também uma espécie de templo,dado o seu forte tronco e os seus ramos e folhagens espessos. Por esta razão,na Irlanda, as igrejas eram chamadas de dairthech, "casas de carvalho", omesmo nome que entre os druidas significava bosque sagrado.” (infopédia)
Mais adiante a esposa
fala sobre a simbologia do carvalho para si, sendo que esses demoram 100 anos
para poder gerar um outro carvalho, e que suas sementes caem, e associando com
o Édem fala sobre este ser descrito como belo, lugar inicial de pureza e
criação, mas que pode ser o contrario, o homem também decaiu do Édem, com um
ser desmerecedor dessa graça e para isso se faz necessária a vinda de um
salvador. O que ela tenta colocar é que a natureza como é colocada de início,
como cheia de beleza e pureza, pode ser na verdade a natureza a figura do
horror.
A interpretação do
marido diante desse relato é de que os pensamentos dela estão distorcendo a
realidade e não o contrário. De que ela está errada, de que ele como na figura
de um deus mantém a acepção tradicional das coisas e que ela está equivocada,
sendo antideus, anticristo, anti-espirito-santo, que são três figuras em um só.
A partir desse momento
a mulher se descobre aliviada de seus sintomas e o marido perplexo parece estar
envolvido no psiquismo dela, na floresta, na cabana, parece estar completamente
emaranhado, e desde antes, começa a ter revelações por meio das percepções ao
redor do mundo psíquico da esposa. Ele cai de sua posição de detentor do saber,
como a própria esposa vem denunciando ao longo da trama e se encontra
fragilizado, mais uma vez se depara com um dos animais simbólicos em situação
desesperadora, rasgando o próprio ventre, essa que é símbolo de algo que remete
a sedução, rasga o ventre que é também lugar de gestação, pronunciando ainda a
frase: “O caos reina.”.
A mulher em Von Trier
se torna a natureza que se vinga, mas é também a detentora e apropriadora de
todo sofrimento, se sacrificando ao fim.
Quando, no terceiro
capitulo, aparece o tema que lhe dá titulo, a mulher se insere em uma conduta
completamente obsessiva, e com a desculpa de que o homem vai fugir tenta
prende-lo com um peso a seus pés. Novamente me remetendo à leitura mitológica,
outros personagens tiveram seus pés furados, mas creio não haver sentido
insistir em qualquer relação, tanto por não haver relações entre quem efetiva o
ato e de quem sofre, seria ainda o oposto dessa relação.
Na tentativa de fuga, o
marido se refugia no esconderijo que a mulher outrora havia descrito, e aí
dentro encontra um corvo enterrado ainda com fôlego.
“Corvo que marca a ideia de
morte, guerra, magia o corvo estava presente nas batalhas, alimentando-se dos
guerreiros mortos, o que simbolizava para os nórdicos o ceifador que levaria a
Odin os escolhidos. Nesta mitologia, o corvo, então simboliza aquele que carregará a alma dos
mortos para o além.” (SOERENSEN,
& CORDEIRO, 2010.)
O corvo traz a ligação
entre o que é mal, o pecado e a morte.
Somos levados a todo o
momento a pensar que a mulher irá matar o marido, mas no fim, após a dor que
ele passa, consegue no fim, não intacto, sobreviver. A cena do mesmo colhendo frutos
e comendo, pode nos levar a pensar no Édem de onde pode-se comer qualquer
fruta, menos uma, a da árvore da sabedoria. As faces desfocadas de dezenas de
mulheres andando morro acima, é como que pensar que toda foram “sacrificadas”
em nome de algo, seja apenas por serem mulheres, ou por carregarem em sua
essência aquilo que também é comum ao homem, a natureza má.
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