quinta-feira, 12 de julho de 2012

Confissões de uma psicótica- Natalia Klein

Não preciso nem falar que me identifiquei com esse site e principalmente com o texto, só lamento não ser identificável o senso de humor com que o assunto é tratado! A minha psicose não deve ser tão adorável assim!

É, meu bem, não vou te enganar não. Sei do teu passado todo. E ele te condena. Li os comentários constrangedores que você postou há dez anos num fórum acerca de um possível teste de DNA para Darth Vader e Luke Skywalker, já que eles vivem no futuro e no futuro a tecnologia não pode funcionar só à base da Força. Vi sua classificação no vestibular da faculdade de medicina que você largou faz sete anos para ingressar em comunicação - de onde, aliás, você não saiu até hoje. Te vi no flog super miguxo daquela coisinha ninda adoradora da Hello Kitty que julgo (lamentavelmente) ser sua ex. E posso, inclusive, te adiantar que o peguete novo dela é mais bonito que você. Só que ele escreve errado. Você não. Sua ortografia é sempre impecável. Mesmo quando discorre sobre a saga de Star Wars. E você nunca escreveu aXxim, deXxi jeiTu fOfuxXxO.
Meu nome é Adorável Psicótica e eu sou uma xereta anônima. Xereta, com t. Caso contrário, meu problema seria outro. E eu não estaria aqui agora, escrevendo essa confissão descarada. Pode ter certeza que eu estaria fazendo algo bem mais útil e (re)produtivo. Mas, para o meu infortúnio (e talvez o seu também), cá estou. Uma xereta viciada, entregue ao submundo dos links, perdida na selva dos scrapbooks, sem lenço, sem documento - exceto a sua carteira de identidade que eu achei na internet, número 58765664-9, expedida pelo Detran. Não que eu tenha algum intuito criminoso, longe disso. Não fuço ninguém por maldade. Fuço simplesmente porque posso. Porque tenho os dedos mais rápidos do Google Earth e te encontro antes de você conseguir soletrar O-N-D-E-E-S-T-Á-W-A-L-L-Y.
Começa com uma buscazinha no orkut, uma olhada en passant pelas comunidades, pelos scraps, pelos testimonials mais calorosos. Daqui a pouco vira uma pesquisa refinada no Google, um pente fino que devassa tudo que faz de você o indivíduo complexo e subjetivo que é. Ou, pelo menos, o ser Frankenstein que eu monto no meu dossiê imaginário, encaixando as peças e tentando decifrar o indecifrável.
Porque não adianta fugir. Quem tá vivo tá no Google e mais cedo ou mais tarde vai ter seu nomezinho no histórico de buscas de outrem. No futuro que já começou (pois a festa é sua, a festa é nossa, é de quem quiser), todo mundo terá suas 15 ocorrênciazinhas de fama. Ninguém está imune.
Mas não precisa ter medo da internet (ou da Virginia Woolf). Um amigo meu tem medo do Sting. Porque o Sting vai ficar te olhando a cada passo que você der, cada palavra que você disser. Todo dia.
Então fica aí o recado para os que gostam de sair por aí comentando em blogs alheios com pseudônimos malucos ou emitindo opiniões anonimamente. Não pensem que vão se safar dessa assim tão fácil. Hei de persegui-los até as profundezas do inferno, se for preciso, mas irei encontrá-los, um a um. E quando acontecer, vou ficar só na espreita. Que nem o Sting.
I’ll be watching you.

Acessado em 23 de janeito de 2012 no site Adorável Psicose- por Natalia Klein

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